"Para
onde vão as almas das pessoas que morreram? Ao longo da
História várias possibilidades têm sido levantadas.
Classicamente, o
cristianismo tem defendido que, após a morte, enquanto o corpo vai para a
sepultura, o espírito vai para o chamado "Estado Intermediário".
Esse local diz respeito a onde estão, por um lado, os que foram salvos em
Cristo, no caso do céu, e por outro, os que foram condenados por seus pecados,
no caso o inferno. Surgiram outras interpretações. Testemunhas de Jeová e
Adventistas defendem o chamado "sono da alma", ou seja, que
todas as almas, quer de ímpios quer de crentes ficam dormindo até o dia da
ressurreição.
Os Católicos
sustentam que as almas ficam num local de "purgação", podendo entrar
no céu, depois que tiverem feito satisfação por seus pecados. E os
Espíritas dizem que é possível até mesmo se comunicar com as almas dos
mortos.
O "sono"
da alma é defendido por muitos por causa de expressões usadas no Novo
Testamento, como por exemplo, o fato de Jesus ter dito que Lázaro dormia,
significando que estava morto (Jo 11.11,14; Ver Mt 9.24; At 7.60; 1Co
15.51; 1Ts 4.13-14). Apela-se também para aqueles textos do Antigo Testamento
que descrevem a morte como um estado de inatividade (Ver Sl 6.5; 115.17;
146.4; Dn 12.2). Porém, esses textos descrevem o morto apenas do ponto de
vista humano. Além do mais, o que está sendo enfatizado nestes textos é o
destino do corpo das pessoas e não da alma.
Há suficiente
ensino na Escritura, especialmente por causa do Novo Testamento, para que
entendamos para onde a alma vai depois da morte. Jesus contou uma parábola
(as parábolas são compostas de elementos reais) em que há explicações
suficientes sobre o lugar das almas depois da morte (Lc 16.19-31). Lázaro foi
para o seio de Abraão e o rico para o inferno. Eles permaneceram num
estado consciente, um está no lugar de punição e o outro no lugar de
recompensa, e não há possibilidade de saírem de onde estão. Essa parábola
elimina tanto a questão do sono da alma quanto do purgatório. Depois da
morte as almas dos salvos vão para o paraíso, enquanto que as almas dos
perdidos vão para o inferno. Só existem esses dois lugares e quem foi para um
deles não pode mais sair. O Espiritismo também leva um golpe decisivo,
pois os mortos não são autorizados a voltarem. E finalmente, Jesus deixa
bem claro que o anúncio da salvação somente é possível através da Bíblia (Lc
16.31).
Há muitos outros
textos que demonstram o estado consciente dos crentes após a morte. Jesus disse
ao ladrão que se converteu na cruz: "Hoje estarás comigo no
paraíso" (Lc 23.43). Embora os Testemunhas de Jeová tenham até
mesmo mudado a tradução desta frase (para: em verdade te digo hoje, estarás
comigo no Paraíso), todo o sentido da frase de Jesus depende do
"hoje", pois o ladrão pediu que Jesus lembrasse dele no futuro, e
Jesus disse que não seria preciso esperar. Outro texto claro, nesse sentido, é
o da cena da transfiguração, em que Moisés e Elias foram vistos conversando com
Jesus (Mt 17.1-8). Eles não estavam dormindo. Paulo também dizia que o cristão,
após a morte estaria imediatamente na presença do Senhor (Fp 1.21-23). Ele
disse que ao deixar o corpo, o crente passa a habitar com o Senhor (2Co 5.6-8).
E ele sabia do que estava falando, pois esteve pessoalmente no paraíso (2Co
12.4). Há mais dois textos da Escritura que demonstram claramente que as almas
dos salvos estão no céu e num estado de consciência diante de Deus. Em
Apocalipse 6.9-11, e Apocalipse 7.14-15, João viu as almas dos crentes mortos
no céu. Elas estão lá conscientes, descansando e esperando o último dia. Não
faz sentido pensar que estivessem dormindo na sepultura.
As almas dos que
já morreram estão no céu ou no inferno, e estão lá conscientes. Um dado
interessante quanto a isso, é que elas estão nesses dois lugares
temporariamente. O estado em que estão as almas depois da morte, seja o céu ou
o inferno, é chamado de intermediário porque não corresponde ao local
definitivo onde, tanto os salvos quanto os condenados, habitarão eternamente.
As almas dos salvos no céu e as almas dos condenados no inferno aguardam pelo
último dia, o dia da ressurreição. Naquele dia, de acordo com a Bíblia, todos
ressuscitarão (Dn 12.2; Ver 1Co 15.52; 1Ts 4.16). Após a ressurreição os
perdidos que estavam no inferno irão para o lago de fogo (Ap 20.15), e os
salvos que estavam no céu para o novo céu e a nova terra (Ap 21.1). O motivo é
simples: Deus não criou o ser humano para viver sem corpo. Atualmente, tanto no
céu como no inferno, as almas estão despidas de seus corpos, o futuro lhes
assegura que um dia se reunirão a seus corpos.
Para o crente, a
doutrina bíblica do Estado Intermediário é uma grande benção. Ela nos assegura
que o crente não precisará ficar dormindo, esperando pelo consolo. Ele não
precisará esperar o dia em que o Senhor voltar no seu reino para desfrutar das
recompensas, pois já estará naquele mesmo dia no paraíso com o Senhor. Para o
perdido, por outro lado, a doutrina do Estado Intermediário é a certeza de que
seus pecados não passarão impunes. É a certeza de que a justiça pode parecer
demorada, mas não falhará. As pessoas que não querem compromisso com Deus
imaginam que o túmulo seja o fim de tudo, mas terão uma surpresa terrível
quando perceberem que estavam enganadas. A doutrina do Estado Intermediário
demonstra que a salvação é possível apenas nessa vida. Isso demonstra a
importância central do evangelho, a necessidade de conhecê-lo plenamente e
proclamá-lo urgentemente."
Por
Rev. Leandro Lima
- Sobre o autor:
Rev. Leandro Antônio de Lima é pastor da Igreja Presbiteriana de Santo
Amaro/SP, e membro do conselho editorial do Jornal Brasil Presbiteriano.
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