quinta-feira, 21 de novembro de 2013

A Santa Ceia - 1Coríntios 11.17-32

“Nisto, porém, que vos prescrevo, não vos louvo, porquanto vos ajuntais não para melhor, e sim para pior. Porque, antes de tudo, estou informado haver divisões entre vós quando vos reunis na igreja; e eu, em parte, o creio. Porque até mesmo importa que haja partidos entre vós, para que também os aprovados se tornem conhecidos em vosso meio. Quando, pois, vos reunis no mesmo lugar, não é a ceia do Senhor que comeis. Porque, ao comerdes, cada um toma, antecipadamente, a sua própria ceia; e há quem tenha fome, ao passo que há também quem se embriague. Não tendes, porventura, casas onde comer e beber? Ou menosprezais a igreja de Deus e envergonhais os que nada têm? Que vos direi? Louvar-vos-ei? Nisto, certamente, não vos louvo. Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim. Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha. Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do cálice; pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si. Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e doentes e não poucos que dormem. Porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, quando julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo.” (1 Coríntios 11:17-32 RA)


Conforme vimos em um artigo já publicado (AQUI), dentre os Meios de Graça, estão os Sacramentos, os quais são Batismo e Santa Ceia. Recentemente, estudamos a respeito do Batismo e hoje veremos um pouco mais detalhadamente a respeito da Santa Ceia.
“A Ceia do Senhor, à semelhança da Páscoa, é essencialmente um sacramento comemorativo. A Páscoa fez o povo lembrar-se de como havia sido salvo do anjo destruidor por meio do derramamento do sangue do cordeiro pascal (Êx. 12.1-28). [...] A Ceia do Senhor faz a igreja lembrar-se do sacrifício de Jesus Cristo e de que, por meio de seu corpo oferecido e de seu sangue derramado, somos libertos da condenação que o pecado traz (Lc.22.19-20).” (ROSS, p.43) Com isso fica mais uma vez reafirmada a continuidade entre os Sacramentos, mudando apenas o modo como é administrado.
Tal qual a Páscoa do V.T., a Ceia do Senhor também exige do participante alguns requisitos. Para participar da Páscoa, era necessário ser circuncidado e estar cerimonialmente limpo, que nada mais é que estar com a vida em dia com Deus, longe de práticas pecaminosas (Nm.9.1-14). Por isso, dentro do contexto do N.T., que é o nosso, o participante da Ceia “Tem de ser convertido e identificado com Cristo por meio do batismo, vivendo em plena comunhão com sua igreja. Além disso, tem de ter capacidade espiritual para discernir, ou seja, entender a razão do sacrifício de Jesus Cristo (At.2.38; 1Co.10.18-22; 11.29)”. Isso é algo bastante sério, por isso Paulo exorta a Igreja de Corinto: “Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do cálice; pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si. Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e doentes e não poucos que dormem.” (1Co.11:28-30). Não negligencie a sua participação na Ceia do Senhor.
Para nos ajudar, vejamos o que o Catecismo Maior de Westminster nos orienta quanto ao preparo antes de participar da Ceia: “Os que recebem este sacramento devem preparar-se para o receber examinando-se a si mesmos, se estão em Cristo, a respeito dos seus pecados e necessidades, da verdade e da medida do seu conhecimento, da fé do arrependimento, do amor para com Deus e para com os irmãos; da caridade para com todos os homens, perdoando aos que lhe têm feito mal; dos seus desejos de ter Cristo e da sua nova obediência, renovando o exercício dessas graças pela meditação séria e pela oração fervorosa. Ref. 1Co.11.17-32; 2Co.13.5; Sl.139.23-24; Fp.3.8-9; Mt.5.23-24; 1Co.5.8”. É necessário considerar com seriedade o auto-exame antes de participar da Ceia do Senhor, e assim avaliar se “[...] Existe algo em nossa vida que impede a plena comunhão com Deus e com um irmão em particular? [...] A pessoa que tem algo contra o seu irmão, mas mesmo assim participa da ceia do Senhor, peca porque participa indignamente.” (ROSS, p.45). Dessa forma, aceite o conselho de Jesus: “vai primeiro reconciliar-te com teu irmão;” (Mt.5:24). Ou, se é um pecado contra Deus, confesse-o ao Senhor e busque com todas as suas forças deixá-lo, assim encontrará a misericórdia do Senhor (Pv.28.13).
Quando participamos da Ceia, estamos obedecendo a ordem de Cristo “fazei isso em memória de mim” (Lc.22.19; 1Co.11.24). Contudo, esta prática vai além de uma simples obediência a uma ordenança. Pois a Santa Ceia comunica bênçãos aos que dela participam. Não que os elementos (Pão e Vinho) tenham poderes especiais, mas cremos que a presença de Jesus é espiritualmente real na Ceia. No Sacramento da Ceia, recebemos a “[...] graça de uma comunhão cada vez mais íntima com Cristo, de nutrição e vivificação espiritual, e de uma crescente segurança da salvação.” (BERKHOF, 2009, p.604). Assim como a Páscoa fortalecia o sentimento e noção de que os participantes pertenciam a um povo separado dos demais, a Ceia traz isso, uma identificação do povo de Deus uns com os outros e com o seu Senhor. 
Para finalizar, “O ritual prescrito para a Ceia tem três níveis de significado para os participantes. Primeiro, ele tem uma referência passada à morte de Cristo, que relembramos. Segundo, ele tem uma referência presente à nossa nutrição comunitária advinda dele pela fé, com implicações sobre como tratamos com nossos co-irmãos de fé (1Co.11.20-22). Terceiro, ela tem uma referência futura por guardarmos o retorno de Cristo, sendo encorajados por esse pensamento.” (PACKER, 2004, p.186).
“O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento.” (Oséias 4:6). A falta de conhecimento estava trazendo morte aos participantes ignorantes da ceia na Igreja de Corinto. Por isso, reflita sobre o significado, profundidade e seriedade da Ceia e participe com zelo desse Sacramento.


Apêndice:

No tempo da Reforma, questões sobre a natureza da presença de Cristo na Ceia e a relação do rito com sua morte expiatória foram objeto de tempestuosa controvérsia. Sobre a primeira questão, a Igreja Católica Romana afirmava (e ainda afirma) a transubstanciação, definida pelo Quarto Concílio de Latrão, em 1215. Transubstanciação significa que a substância do pão e do vinho eram miraculosamente transformadas na substância do corpo e do sangue de Cristo, de modo que já não eram mais pão e vinho, embora parecessem ser. Lutero modificou isso, afirmando o que mais tarde se chamaria “consubstanciação” (um termo que Lutero não encorajou), ou seja, que o corpo e sangue de Cristo estão presentes em, com e sob a forma de pão e vinho, os quais se tornam, assim, mais do que pão e vinho, e não menos. As Igrejas ortodoxa oriental e algumas anglicanas dizem quase a mesma coisa. Zwínglio negou que o Cristo glorificado, agora no céu, esteja presente em qualquer forma que as palavras corporalmente, fisicamente ou localmente se adaptem. Calvino sustentou que embora o pão e o vinho se manifestem inalterados (ele concordou com Zwínglio que o é de isto é o meu corpo... meu sangue significa representa, não constitui), Cristo, através do Espírito, concede aos adoradores um verdadeiro gozo de sua presença pessoal, atraindo-os à comunhão consigo no céu (Hb 12.22-24, de forma gloriosa e bem real, não obstante indescritível.” (PACKER, 2004, p.186).

 Referência Bibliográfica
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Traduzido por Odayr Olivetti. São Paulo: Cultura Cristã. 3ª Ed. 2009. 720p.
PACKER, J.I. Teologia Concisa. Traduzido por Rubens Castilho. São Paulo: Cultura Cristã. 2ª Ed. 2004. 224p
ROSS, I.G.G. Curso Preparatório para  Pública Profissão de Fé. São Paulo: Cultura Cristã. Parte 2. 64p.

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